{RESENHA} RESPOSTAS DE UM ASTROFÍSICO - NEIL DEGRASSE TYSON

Título: Respostas de um astrofísico
Autor: Neil deGrasse Tyson
Páginas: 272
Editora: Record
*Livro cedido em parceria com a editora

Sinopse: Dezenas de dúvidas sobre as questões que mais intrigam, fascinam ou afligem o ser humano são esclarecidas pelo cientista mais popular do mundo.
Além de uma carta escrita por Neil deGrasse Tyson especificamente para a edição brasileira de Respostas de um astrofísico, este livro inspirador reúne em um só volume perguntas feitas ao autor sobre assuntos importantíssimos e que despertam a curiosidade de todas as pessoas: a origem do universo, o fim do mundo, vida, morte, vida após a morte, astronomia, alienígenas, teorias da conspiração, terrorismo, racismo, religião, fé, filosofia, cultura, educação, política, ciências, pseudociências e muito mais.

Cientista influente e aclamado em todo o mundo, Neil deGrasse Tyson é diretor do Planetário Hayden, no Museu Americano de História Natural, em Nova York, além de apresentador da série de TV Cosmos, da NatGeo, e do programa StarTalk Radio. Numa vida dedicada a desvendar e explicar os mistérios do universo, ele atraiu, no decorrer de sua carreira, uma das maiores comunidades on-line do planeta com suas fascinantes ideias amplamente acessíveis sobre ciência e sobre o nosso universo.

Por causa disso, todo ano, Neil deGrasse Tyson recebe milhares de e-mails e cartas. Algumas mensagens buscam conselhos, outras, inspiração; algumas são movidas por angústia, outras, por deslumbramento. Mas todas, sem exceção, estão à procura de entendimentos, significados e verdades.

Em Respostas de um astrofísico, Neil deGrasse Tyson se baseia em perspectivas cósmicas para abordar uma vasta gama de questões. Suas respostas diretas, esclarecedoras e, às vezes, irônicas refletem sua popularidade e posição de destaque como educador e divulgador da ciência. Neste livro maravilhoso, ele compartilha suas emoções, dúvidas e esperanças, enquanto responde à pergunta que está por trás de todas as outras: qual é o nosso lugar no universo?

Para leitores de Breves respostas para grandes questões, de Stephen Hawking, de Astrofísica para apressados, de Neil deGrasse Tyson, e de Origens, de Neil deGrasse Tyson com Donald Goldsmith.


Olá amantes, tudo bem? Hoje é dia de resenha, e o livro de hoje é "Respostas de um Astrofísico" e a resenha de hoje foi escrita pela Maíra Marques!

O livro traz respostas do Neil a cartas e e-mails de fãs (ou haters), bem como alguns pequenos textos publicados nas redes sociais e um ou dois discursos do autor. Todos sobre temas diversos. Aqui você encontrará textos desde a década de 90 até os dias atuais.
[…] é possível ficar boquiaberto com a complexidade que se manifesta no mundo, ou estupefato com o quanto tudo é simples”
Dentre os críticos raivosos, há uma variedade incrível. Eles vão de terraplanistas a defensores da Terra Jovem. Também há pessoas que não querem pagar impostos que financiam pesquisas, numerólogos, dentre outros. Para citar os temas de algumas das perguntas/respostas, você lerá sobre o sentido da vida, sobre religião X ciência, sobre como lidar com um filho cético ou parentes racistas, bem como correções, anedotas e até cartas fofas de crianças tristes porque Plutão não é mais um planeta.

Como na maioria dos textos o Neil está respondendo cartas e e-mails, estes tendem a ser francos e diretos. E em geral curtos. Isso pode ser muito interessante em vários casos, trazendo uma retórica fluida e direta, que não frequentemente subestima o leitor, mas pode ser frustrante em outros casos. A frustração ocorre especialmente quando a pergunta é profunda o suficiente para gerar amplas e ricas conversas mas que, pelo formato, acaba culminando numa resposta por vezes leviana. Alguns temas pedem por uma discussão mais detalhada e cuidadosa. Mas é necessário entender que é natural que isto não ocorra, pois a ideia central é apenas responder e não discorrer de forma minuciosa. Para mim, este formato foi especialmente negativo no capítulo sobre filosofia. Não apenas discordei do autor, como fiquei até incomodado com as respostas.


Mas falando da parte boa do formato, você acaba se deliciando com as percepções e reflexões pessoais do Tyson nesses temas loucamente variados do cotidiano. Me marcou muito no momento em que li sobre como ele vê a morte natural. Em geral, não gostamos de imaginar o destino de nossos restos mortais em decomposição e por isso com frequência preferimos a cremação. Neil vê este destino como parte de um ciclo maior que nos conecta à natureza e à vida. Quando falecemos, a energia que usávamos para nos manter vivos alimentará diversas criaturas continuará a nutrir a terra. Assim, terminamos o ciclo energético que começa em nosso nascimento. E esta é apenas uma das diversas reflexões totalmente belas e inusitadas proporcionadas por este livro.
[…] no espaço, onde não há ar, uma bandeira não irá tremular – uma indicação de que talvez bandeiras tremulando e a exploração espacial não combinem.”
O fato de os textos variarem mais de 15 anos mostra mudanças sutis no autor. Posso citar a diferença de postura do Neil a respeito de racismo em textos com nove anos de diferença. Em textos de 2009, ele parecia querer se distanciar do rótulo de “pesquisador negro”, mostrando a visão de que, para ele, esse tipo de rótulo estigmatiza e faz mais mal do que bem. Já em textos mais recentes, provavelmente por ver a crescente onda ultraconservadora na sociedade, este relembra sua vida de forma a expor as dificuldades que ele, como um homem negro – sonhando em ser um astrofísico numa época em que a profissão tinha gênero e cor – sofreu e nos trazendo como este passado é recente em nossa história. É necessário lembrar que esta pode ser uma mera diferença de forma e não de conteúdo. Ou seja, suas opiniões podem não ter mudado muito, mas sua maneira de lidar com o tema mudou radicalmente.
Eu via o país fazendo todo o possível para marginalizar quem eu era e o que eu queria me tornar na vida”
Também preciso dizer que a “perspectiva cósmica” defendida pelo autor nos traz como somos insignificantes em tamanho e duração. Porém a mesma também amplifica verdadeiramente nossa ligação com o todo. Todos nós, seres vivos deste planeta, somos descendentes de uma mesma forma de vida. Somos todos fruto de um ciclo de vida estelar e planetário. E acima de tudo, somos uma forma do universo de entender a sí mesmo. E o melhor, não precisamos crer cegamente nisto. Basta observarmos a natureza tal como ela é e seguir alguns critérios para evitar auto-engano, que eventualmente acontece. Mas tudo bem encontrar uma resposta errada, pois apesar do modo como a ciência é ensinada, ela é menos sobre achar a reposta certa e mais sobre achar as perguntas certas.


A editora Galera Record caprichou no acabamento da obra! O livro é de capa dura, contém laminação no título e nas pequenas estrelas, senti falta de um fitilho para marcar as páginas, pois uma edição tão luxuosa pedia por esse detalhe. Os capítulos são curtos, o que facilita no ritmo de leitura, e divididos por uma página estilizada em tons escuros. Além disso, contém a ilustração de nebulosas entre os temas. Uma edição perfeita para quem preza por uma obra bonita e de boa qualidade em sua estante.

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