{RESENHA} ESTARÃO AS PRISÕES OBSOLETAS? - ANGELA DAVIS

Título: Estarão as prisões obsoletas?
Autora: Angela Davis
Páginas: 144
Editora: Difel
*Livro cedido em parceria com a editora

Sinopse: No país com a maior população carcerária do mundo, Angela Davis - estudiosa, ativista, referência dos movimentos negro e feminista - examina com seu olhar crítico o conceito de encarceramento como punição. Desde os anos 1980, a construção de prisões e a taxa de encarceramento nos Estados Unidos têm crescido exponencialmente, originando uma grande inquietação quanto à proliferação, à privatização e à promessa de grandes lucros a partir do sistema carcerário. No entanto, essas prisões abrigam quantidades desproporcionais de minorias étnicas, deixando entrever o racismo entranhado no sistema. Neste livro, Davis expõe com clareza a situação e nos pede uma reflexão radical, em busca de alternativas aos atuais programas de reabilitação. Com esta última grande abolição da vida norte-americana, pode-se finalmente começar a desmantelar essas estruturas que condenam tantos a uma vida de miséria e sofrimento.


Olá, amantes! Tudo bem? Na resenha de hoje irei falar sobre o livro de uma autora muito importante não apenas no movimento negro, mas feminista, abolicionista e na descriminalização social e racial: Angela Davis.

Originalmente publicado em 2003 nos Estados Unidos, "Estarão as Prisões Obsoletas" está em sua 7ª edição pela Bertrand Brasil, com tradução de Marina Vargas. A obra nasceu após seis anos de palestras e pesquisas, e em sua introdução a autora diz até ser injusto apenas ela levar a autoria de um livro com informações tão ricas coletadas de tantas pessoas incríveis.
Um prisioneiro que durante muitos anos tinha trabalhado como funcionário da faculdade refletiu com tristeza, enquanto os livros eram levados embora, que não havia mais nada para fazer na prisão - exceto talvez musculação. "Mas", perguntou ele, "de que serve esculpir o corpo se você não pode esculpir a mente?"
Neste livro, Angela Davis faz diversas críticas ao sistema criminal dos Estados Unidos, sistema esse que descobrimos através de seus textos ser sexista, racista e xenofóbico. A autora busca nos levar a reflexão sobre para o que serve as prisões e a história do sistema prisional.


Antigamente as prisões serviam com um único objetivo: Punir e reabilitar os prisioneiros. No entanto, há muito tempo as prisões estão focadas apenas no "punir" e deixaram de lado sua principal função: Reabilitar. As críticas de Davis é justamente neste ponto de vista, afinal, será mesmo que as prisões estão punindo todos que realmente merecem estar ali ou estão usando os grandes centros de detenção como manobra de preconceito?
Acreditar que as instituições para homens constituem a norma e as instituições para mulheres são marginais é, em certo sentido, tornar parte da normalização das prisões que uma abordagem abolicionista procura contestar."
A cada capítulo a autora vai desenrolando temas oportunos com dados e referências bibliográficas assustadoras. A porcentagem de pessoas negras, latino americanos e mulheres presos nos EUA é assustadora! Inclusive há capítulos onde ela destrincha melhor sobre cada um desses elementos. Os relatos de mulheres, principalmente as negras, sobre os abusos que sofrem são desumanos, sem contar a quantidade de mulheres que são tratadas com medicamentos psicóticos por serem ditas por "loucas" por terem cometido um crime. Assustadores também são os trechos em que Angela compara a prisão de pessoas negras com brancas em seus mínimos detalhes, deixando claro como o racismo é forte e, infelizmente, ainda é.


Foi triste ver o quanto o sistema prisional se perdeu em meio aos anos, deixando sua principal função de lado. Há um trecho interessante em que um rapaz disse que, ao estudar quando estava preso através do projeto da faculdade Marist College, saiu da prisão e foi dar aulas para jovens da sua comunidade. Infelizmente, após 22 anos de projeto, a faculdade foi impedida de prosseguir com ele.
Quando consideramos o impacto da classe e da raça, podemos dizer que, para mulheres brancas e ricas, essa equalização tende a servir como evidência de transtornos emocionais e mentais, mas para as mulheres negras e pobres, indica criminalidade."
A visão de Angela Davis me inspirou! Gosto de livros que me fazem abrir os olhos para a realidade que está aqui, bem na minha frente. Sem a educação vamos continuar abrindo mais prisões. Sem a legalização da maconha iremos permanecer com uma grande quantidade de detentos por tráfico. Sem a conscientização da sociedade, não há como deter esse mal que faz com que empresas privadas continuem crescendo e lucrando as custas de humanos.



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